A Crónica da Viagem à Croácia e à Eslovénia
No dia 29 de abril, pela calada da noite e em pezinhos de lã, saiu da Amora a caravana da CES. Começava mais uma aventura em países europeus, desta vez na Croácia e Eslovénia, a que o programa generosamente acrescentou o Montenegro e a Bósnia Herzegovina. A manhã foi passada em aeroportos e aviões, até à aterragem em Zagreb, onde nos estava reservada a melhor surpresa do dia – o inefável e inestimável guia Simão.
Após o almoço em restaurante típico, partimos de autocarro para Ljubljana, atravessando belas planícies e deslumbrantes paisagens verdejantes. No centro histórico da mais verde capital da Europa tivemos o primeiro contacto com a riqueza histórica, monumental e cultural da cidade, aspetos que iriam deslumbrar-nos também nos dias seguintes, em todas as cidades ribeirinhas do Adriático a visitar.
No segundo dia rumámos a Bled, ao seu magnífico Lago e ao soberbo Castelo. Na memória ficaram as paisagens surpreendentes e o imponente recorte dos Alpes Austríacos, avistados do altaneiro castelo, mas também a ilha de sonho, à qual fomos conduzidos por jovens barqueiros top model – arrancaram longos suspiros às damas…com sua bela capelinha, onde se formulavam desejos, sublinhados pelo toque do sino. De tarde seguimos para as famosas grutas de Postojna, de beleza ímpar, que constituem um maravilhoso hino à criação e à esmerada paciência da mãe natureza. Ao longo de milénios, cada metro, cada centímetro foram amorosamente moldados e esculpidos no ventre da montanha e escondidos até décadas recentes, para que gerações materialistas e insensíveis pudessem, ao menos, suspeitar que mais nobres realidades e valores se perfilham para além da mera perseguição ao vil metal.
A reentrada na Croácia aconteceu ao terceiro dia e logo com destino ao seu cartão de visitas de eleição: o Parque Nacional de Plitvice Jezera, um conjunto de pequenos lagos que vão descendo lentamente, de cascata em cascata, até ao rio Korana. Bordejando os pontos de maior interesse, um complexo de passadiços conduz o turista a recantos paradisíacos que convidam a um quase incessante registo fotográfico.
Nos três dias seguintes sucedeu-se a visita às belas e monumentais cidades ribeirinhas do Adriático: Zadar, Sibenik, Kotor, Dubrovnik, Trogir e Split, não forçosamente por esta ordem, pois a logística de alojamento e transporte dita as suas leis. Na impossibilidade prática de salientar individualmente as belezas de cada uma, importa realçar em conjunto a monumentalidade e grandiosidade das suas igrejas, museus, arte sacra, muralhas, fortes e fortins, palácios e mosteiros, bem como aprazíveis espaços de circulação e lazer, em suma, o testemunho felizmente bem conservado de um passado nobre, mas sofrido, que vem desde os tempos das conquistas de gregos e romanos. Mas é em séculos mais recentes que a sua grandeza e importância estratégica e comercial se afirma. Apertada entre o Império Turco e a República de Veneza, a região teve de ser exímia na arte da diplomacia e no jogo de alianças, para poder salvar vidas e as rotas comerciais, de que vivia. Porém, o cronista seria injusto se não evidenciasse igualmente a beleza natural das baías e linhas de ilhas costeiras, tão características de toda esta região mediterrânica. Não surpreende, por isso, que a Croácia seja também um país de marinheiros…
O regresso a Zagreb marcou o sétimo dia. Foi possível fazer uma visita criteriosa à cidade, com destaque para o centro histórico e seus sítios culturais, religiosos e monumentais. E no último dia foi a azáfama das compras, numa correria pelas lojinhas de artesanato, para gastar as últimas kune, pois a Croácia ainda não pertence à zona euro.
A logística da viagem funcionou sem sobressaltos nem atrasos. Os motoristas revelaram grande profissionalismo, condução segura e muita consideração pelos passageiros. Os guias locais falavam português fluente -- apenas uma em castelhano -- com conhecimentos sólidos sobre a história e a cultura das suas cidades e um comovente amor à sua terra. Os hotéis cumpriram no essencial, não merecendo reparos de monta. E até as refeições, para além de decorrerem em locais típicos muito bem escolhidos, conseguiram satisfazer a diversidade de gostos e sabores de um grupo tão numeroso. Então em Dubrovnik, naquela noite de cantares e dançares, em que tantas e tantos exibiram dotes desconhecidos… É, hoje, quem se lembra da ementa?! Ah! Esquecia-me do Simão. Atento, disponível, sábio, bem humorado, um ícone para a eternidade da memória.
Cabe agora à direção da CES puxar dos mapas, traçar as rotas e pedir os orçamentos, porque para o ano haverá mais. Pode ser? Tem de ser. É assim!
Armindo Rodrigues