Visita ao Templo Hindu e ao Museu Nacional do Teatro e da Dança
Templo Hindu (Radha Krishna)
No dia 27 de maio fizemos uma visita ao Templo Hindu “Radha Krishna”, em Lisboa, organizada pela CES, integrada no projeto “Lisboa Visito” e que incluiu almoço típico na cantina da comunidade hindu.
A nossa guia foi uma excelente comunicadora e prendeu toda a nossa atenção durante duas horas. Assim, completamente encantados com a forma e o conteúdo das suas explicações, sentimos um imenso bem-estar e mais ricos com o conhecimento de uma filosofia de vida que nos pareceu muito positiva, interessante e com muitos pontos de encontro com o catolicismo, naquilo que é deveras essencial enquanto caminho que nos liga a Deus.
O hinduísmo é considerado uma filosofia de ordem religiosa que engloba tradições culturais, valores e crenças obtidas através de diferentes povos. Passando por constantes adaptações até chegar ao que é hoje, o Hinduísmo foi dividido em fases para melhor apresentar a sua história.
Disse-nos que esta comunidade se desenvolveu em Portugal a partir de 1975, como consequência da descolonização de Moçambique, englobando residentes nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e, na sua maioria, oriundos de Moçambique e alguns do Estado de Gujarat pertencente à Índia.
Assim, e desde a primeira hora, foi intenção dos membros fundadores da Comunidade Hindu de Portugal constituir uma associação representativa de todos os hindus e em que todos pudessem ser congregados sem quaisquer discriminações.
Esta instituição tem vindo a desenvolver um trabalho conjunto no sentido de preservar a sua identidade cultural e religiosa com a finalidade de dignificar os seus associados e simpatizantes, oferecendo-lhes o apoio necessário para uma melhor integração no novo meio sociocultural para o qual tiveram de transferir as suas vidas. Prestam apoios diversos e têm muita dinâmica cultural e social.
Os seguidores do hinduísmo falam de várias deidades, mas na verdade dizem que Deus é só um, com várias manifestações. Segundo o hinduísmo, os seres humanos morrem e renascem várias vezes. Ao longo de muitas vidas, eles têm a oportunidade de evoluir, até chegar a um estágio em que se unem a Brahman, a realidade suprema.
O objeto da Filosofia Hindu, além de estabelecer um código ético que rege a sociedade e as suas leis, traz instruções para que o indivíduo possa alcançar, através do conhecimento, a compreensão do seu ser, imerso na sua relação com o universo, possibilitando-lhe encontrar por meio da filosofia ou religião, algum sentido para a vida. Segundo a filosofia hinduísta, todo o ser humano tem um caminho para percorrer, o caminho para alimentar o próprio deus interno. Para que isso aconteça não basta só ter vontade, é preciso ir além do querer, é preciso aprender, o que fazem desde crianças e em ambiente familiar,
A filosofia hinduísta é uma das maneiras mais antigas, ainda praticadas no mundo, de aproximação a Deus e diz que é preciso estar em perfeita harmonia para alcançar a essência divina.
Práticas como o yoga são capazes de alcançar o que o hinduísmo acha mais sagrado: a divindade interna. As técnicas utilizadas no yoga ajudam no processo de crescimento dessa divindade.
Acreditam também que a libertação final da alma determina o fim do ciclo da morte e do renascimento;
Os rituais hindus devem ser feitos sempre tendo a meditação e a oferenda aos deuses.
A alimentação deve ser vegetariana, pois considera-se a utilização da carne na alimentação como uma prática impura;
As preces cantadas (mantras) devem ser dedicadas a todos os deuses. O OM (aum) é o mantra mais importante, pois representa Deus;
“Shiva representa o princípio masculino enquanto o princípio feminino é representado por suas esposas Parvati (mãe), Durga (deusa da beleza), Kali (senhora da destruição) e Lakshmi (senhora da arte e da criatividade)."
Organizam alguns festivais religiosos e há mesmo danças que expressam a ligação do ser material ao ser divino.
Um dos mais importantes festivais religiosos dos hindus é o "Navratri". Na Comunidade Hindu de Portugal é comemorado, todos os anos, no Salão das Festas com imenso entusiasmo por todos os devotos e agora também por parte de alguma população em geral, chegando mesmo a ter muita afluência. A sua realização tem data móvel, por ser um calendário lunar (entre os meses de setembro-outubro). Navratri, literalmente significa “nove noites” auspiciosas. Na verdade, é o culto à Deusa do poder a fim de procurar a sua proteção contra qualquer tipo de ameaça e de possíveis catástrofes que podem destruir a vida pacata das pessoas na Terra. Como ela é a deusa do poder, acredita-se ter o poder de criação, preservação e destruição.
Faz parte integrante da cultura Hindu, a execução de danças e peças dramáticas tradicionais, muitas delas baseadas em obras de grandes santos e poetas Hindus.
Desde 1986, a Comunidade Hindu de Portugal, no início com o apoio da Cruz Vermelha Portuguesa e depois com o Instituto Português de Sangue, todos os anos comemora o aniversário de Mahatma Gandhi (2 de outubro), com uma Campanha de Doação de Sangue.
De forma a realizar uma aculturação na sociedade portuguesa, as várias valências da Comunidade Hindu de Portugal, ao longo do tempo, têm vindo a efetuar: workshops, eventos e espetáculos em parceria com diversas entidades.
Graças a uma parte de apoio em forma de subsídio concedido pelo Estado Português, donativos de associados e simpatizantes, o Templo “Radha-Krishna” foi inaugurado oficialmente a 4 de novembro de 1998. É um espaço bonito e acolhedor.
A Cantina foi inaugurada em 2006, com o envolvimento da Comunidade Hindu de Portugal, que trouxe os paladares do Oriente para o Ocidente em termos de confeção da gastronomia vegetariana indiana, que saboreámos com prazer.
Museu Nacional do Teatro e da Dança
Visitámos também o Museu Nacional do Teatro e da Dança, que é uma instituição de referência na museologia e na História das Artes do Espetáculo em Portugal. As coleções do museu foram constituídas tendo em atenção os objetos, materiais e documentos úteis ao conhecimento da prática teatral, úteis à própria prática teatral e incluem trajos de cena, fotografias, postais ilustrados, cenografia, figurinos, desenhos, retratos e caricaturas, cartazes, programas, bilhetes, música e teatros de papel.
Vale a pena conhecer. Tudo tem a sua história e dentro da História abundam os episódios que nos surpreendem.
Foi um dia bem aproveitado e com a qualidade a que a Casa do Educador já nos habituou.
O grupo manifestou o seu contentamento por mais este dia cultural e de excelente. Convívio.
Gratos a quem nos proporcionou tão rica experiência.
Maria Sebastiana
Fotos de Glória Silva